17.2.07

Morte aos fantasmas que me acordam

Pudesse eu desejar. Desejar o que não fiz, desejar ter feito melhor, desejar ter feito mais. Pudesse eu voltar atrás. Tornar real novamente o cheiro da tua pele, do teu cabelo, quando acordei a meio daquela noite de Inverno e tu não estavas.
Os passeios que nunca demos, os sitios que nunca visitámos, as palavras que ficaram por dizer, e as que dissémos sem querer. No meio desta solidão, na cama fria, fecho os olhos. Vejo-nos. Remanescências do que poderiamos ter sido.
Quis o destino que não ficássemos juntos, esse vil bastardo. Quiseram as estrelas que as linhas das facilidades (felicidades?) fossem mais generosas para uns que para nós. Não me iludo, não, nem por sombras. Sei que és um fantasma, e vocês foram feitos para serem precisamente isso: restos de um pedaço de tempo. Uma porcaria a quem algum dia alguém chamou de vida.
Pudesse eu desejar ter aprendido centenas de anos de vivência humana em alguns meses, de outra forma.
Não há dúvida, morremos como nascemos.

Aqui Espero

Foram-se as alegrias, risos, desejos, sonhos, caricias e beijos apaixonados. O que resta é a amarga tristeza. Ao fim ao cabo aquela que nunca me abandonou. Felicidade, tristeza expectante. Infelicidade, tristeza triunfante.
Ganhaste, negro desespero.

14.2.07

Livre

A felicidade consegue ser apenas superada pela saudade. Imagino-nos juntos, velhinhos. A rir e sorrir, como se disso dependesse o resto das nossas insignificantes existências. Insignifcantes porque o amor é maior do que qualquer um de nós. Eu sabia que “nós” iamos deixar de existir, mais tarde ou mais cedo. Fica o amor, ou as memórias daquilo que um dia foram sonhos partilhados.
Se nunca te tivesse encontrado? Se o mar nunca tivesse invadido a terra e nunca tivesse devorado tudo o que me fazia viver? Não faço ideia.
Apesar da dormência emocional, devo-te o meu crescimento, ó melodia abençoada.

2.2.07